sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

TESTEMUNHO ARDENTE


Por Vanderlei do Couto

“(...). o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele essas coisas, muitos creram nele.” (João 8:29,30)

O entusiasmo é o estado do espírito impelido a manifestar a admiração que o assoberba ou domina. Alguém entusiasmado é contagiante, em bom termo, chega a ser epidêmico. Naturalmente não me refiro a qualquer tipo de entusiasmo. Há quem seja inclinado ao mal e este entusiasta apressa-se a induzir outros à mesma ação. A estultícia do homem perverterá o seu caminho, (Provérbios 19:3). Minha alusão é ao entusiasmo que promova o bem estar de todos. Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho da paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas (Romanos 10:15). Jesus testemunhou do Pai com entusiasmo.
O testemunho é a expressão da verdade. Os oponentes de Jesus indagaram: “Quem é você?” Eles não conseguiam enxergar as verdades espirituais. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (I Coríntios 2:14). O propósito Divino com relação ao testemunho é formar Cristo nas pessoas, preparar verdadeiros discípulos e provocar conhecimento da verdade. O testemunho é a prova da verdade.
Com o vigor do testemunho autêntico o reino avança, vidas são libertas dos males, as trevas são dissipadas e o Pai é glorificado. Na ética cristã só há lugar para o que é verdadeiro. A regra de conduta do cristão é uma só: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, ele pensa nisso e se esforça para assim viver”. O testemunho fiel é aquele que promove a glória de Deus e não da testemunha. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, palavras de Jesus. A verdade liberta a pessoa da soberba, do egoísmo, da carnalidade, e o entusiasmo leva muitos ao conhecimento da verdade.


Praticando o que dá prazer ao Pai, Ele não lhe deixará só, anime-se.

domingo, 29 de novembro de 2009

RELATO SOBRE A MORTE DE CRISTO

RELATO SOBRE A MORTE DE CRISTO

Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo.
Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo.
Posso portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela.
Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra’.
O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo). Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira.
Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!
Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.
Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre. Em meu lugar e no seu.

Dr. Barbet, médico francês.
Colaboração: Pastor Celso Augusto Saraiva

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Valor por Excelência

Quinze vezes aparece a idéia de amor nos seis versículos da leitura a seguir; em média duas vezes e meia cada um! 1.ª João 4.7-12 - 7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. 9 Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. 10 Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. 11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. 12 Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Alguma dúvida sobre o assunto desse texto? Possivelmente seja a maior concentração de amor de toda a Bíblia. Em todo o caso, é até mais do que o famoso “hino de amor” em 1.ª Coríntios 13. Neste, Paulo mostra como nada na vida valerá alguma coisa se não for movido pelo amor. O amor é o valor por excelência (pois é: valor mesmo não é o dinheiro, que surpresa!). Aqui porém João vai à raiz e mostra a própria natureza do amor: o que ele é – e ele afirma que o amor não é nada menos que Deus mesmo: Deus é amor! Vale a pena repetir: ele não diz que Deus tem amor, mas que é amor. Agora podemos entusiasmar-nos com essa grandiosidade, mas pensando bem, ela é um pouco grande demais para nossa mente limitada. Por isso João explica como o amor se expressa: pela disposição de entregar o que se tem de mais precioso em benefício de alguém(ecos de João 3.16 – “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Este versículo de certo modo resume toda a mensagem da Bíblia). Já no versículo em destaque hoje, (1.ª João 2.10 - Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço.) João mostra o brilho do amor, quando diz que amar é estar na luz. Quem ama, ilumina seu ambiente, clareia os relacionamentos, evita tropeços, dá segurança e conforto. Pouca coisa é tão assustadora como a escuridão – e por isso João insiste na importância de praticarmos o amor. Bem entendido, não uma paixão qualquer, mas o amor diretamente da fonte, da comunhão com Deus, que nos amou primeiro ao dar seu próprio Filho em nosso favor. Sem essa fonte nada teremos.
O amor não vem de nós, ma sim como a lua ilumina a noite e supera o terror da escuridão porque reflete a luz do sol, o amor de Deus quer irradiar-se por meio de nós para o bem do mundo em que vivemos – mas é preciso expor-se a ele. – RK
Mostramos que conhecemos a Deus amando os outros.
Por Vanderlei do Couto