quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O povo da caverna

Há muito tempo atrás, ou talvez não muito tempo assim, havia uma tribo em uma caverna fria e escura. Os habitantes da caverna se apertavam e gritavam contra o frio. Eles se lamentavam em voz alta e demoradamente. Era só isso que faziam. Era tudo o que sabiam fazer. Os sons na caverna era tristes, mas as pessoas não sabiam disso, porque nunca tinham conhecido a vida.
Mas, então, um dia eles ouviram uma voz diferente. “Eu ouvi seu choro” ela disse. “Eu senti seu frio e vi as suas trevas. Eu vim para ajudar”.
Os habitantes da caverna permaneceram em silêncio. Eles nunca tinham ouvida esta voz. A esperança soava estranho aos seus ouvidos. “Como é que vamos saber que você veio ajudar?”
“Confiem em mim”, ele respondeu. “Eu tenho o que vocês precisam”.
O povo da caverna examinou no escuro até a figura do estranho. Ele estava empilhando alguma coisa, então curvava-se e empilhava mais.
“O que você está fazendo?”, alguém gritou, nervoso.
O estranho não respondeu.
“O que você está fazendo?”, gritou alguém em voz ainda mais alta.
Nenhuma resposta ainda.
“Diga-nos”, exigiu um terceiro.
O visitante ficou em pé e falou na direção das vozes: “Eu tenho o que vocês precisam”. Com isso ele virou-se para a pilha a seus pés e acendeu-a. A madeira pegou fogo, chamas levantaram-se e a luz encheu a caverna.
O povo da caverna afastou-se com medo. “Ponha isso para fora”, gritaram.
“Dói olhar para isso”.
“A luz sempre dói antes de ajudar”, ele respondeu. “Cheguem mais perto. A dor logo vai passar”.
“Eu não”, declarou uma voz.
“Nem eu”, concordou uma segunda.
“Só um tolo iria se arriscar a expor seus olhos a uma luz assim”.
O estranho chegou perto do fogo. “Vocês prefeririam a escuridão? Prefeririam o frio? Não consultem seus temores. Dêem um passo de fé.

Por um bom tempo ninguém falou. As pessoas pairavam em grupos cobrindo os olhos. O fazedor de fogo ficou de pé próximo do fogo. “Está quente aqui”, convidou.
“Ele está certo”, alguém atrás dele anunciou. “Está mais quente”. O estranho virou-se e viu um vulto caminhando em direção ao fogo. “Eu consigo abrir meus olhos agora”, ela proclamou. “Eu consigo ver”.
“Chegue mais perto”, convidou o fazedor de fogo.
Ela chegou. Ela caminhou para o anel de luz. “Está tão quente!” Ela estendeu as mãos e suspirou quando o frio começou a passar.
“Venham, todos! Sintam o calor”, ela convidou.
“Quieta, mulher”, gritou um dos habitantes da caverna. “Vai ousar nos arrastar para a sua tolice? Deixe-nos e leve sua luz com você”.
Ela virou-se para o estranho. “Por que eles não virão?”
“Eles escolhem o frio, porque embora é frio, é o que eles conhecem. Eles preferem ficar com frio do que mudar.”
“E viver no escuro?”
“E viver no escuro.”
A agora quente mulher ficou em silêncio. Olhando primeiro no escuro e depois no homem.
“Você vai sair do fogo?”, perguntou.
Ela fez uma pausa e então respondeu: “Eu não posso. Eu não consigo suportar o frio.” Então ela falou novamente: “Mas também não posso suportar pensar no meu povo no escuro.
“Você não tem que fazer isso”, ele respondeu, alcançando o fogo e tirando um graveto. “Leve isto para o seu povo. Diga-lhes que a luz está aqui e que a luz é quente. Diga-lhes que a luz é para todos os que quiserem.”
E assim ela pegou a pequena chama e caminhou para dentro das sombras.

Autor: Max Lucado

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